quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Você ou Vc? Eis a questão!

“A língua portuguesa é considerada uma das mais difíceis do mundo”, quem nunca ouviu essa frase? Muitas vezes sentimos até um certo ar de orgulho na voz de quem nos conta, como se isto fosse sinal de alguma superioridade perante outras culturas.

A verdade é que realmente tantas regras, normas, símbolos e variações acabam tornando a língua portuguesa do Brasil uma das mais complexas, esta é uma opinião quase que unânime, porém também não são poucos os que se perguntam se isso é realmente necessário, se é preciso que nossa língua seja tão complexa assim.

Quando falamos em ameaça a norma culta brasileira, todos já se indignam, começam a resmungar que isso não pode acontecer, que é preciso preservá-la. Às vezes acabamos tratando a norma culta como se tivesse surgido por meio de inspiração divina e somente os profetas da língua portuguesa têm o direito de alterá-la, eu particularmente sou um apreciador do charme que há na nossa língua e por esse motivo é difícil aceitar mudanças e acreditar que elas possam vir para o bem. Vemos tanto sensacionalismo em cima da linguagem digital que às vezes parece que ela abandona sua forma abstrata e assume um papel de vilã da gramática. Sem dúvida que os jovens acabam levando ela da internet para suas redações e provas, mas ora, mesmo antes dela, não era difícil encontrar-mos erros de português em provas, cartas, redações, etc. O que me faz pensar que se os erros de escrita sempre foram comuns, talvez a culpa seja da própria norma culta graças a sua divina complexidade.

O problema maior parece ser pelo fato dessa linguagem ser jovem, criada por jovens e para “jovens” e talvez por isso seja difícil para os titãs da norma culta aceitá-la como uma das variações de nossa língua. Como sabemos no nosso país existem infindáveis variações lingüísticas devido basicamente aos regionalismos, e somos ensinados a encarar todas como parte do todo, embora não possam ser aceitas como norma culta, ainda fazem parte do nosso português. Seria, portanto, mais fácil e honesto inserir a “linguagem digital” como uma das variações de nossa língua do que tentar combatê-la com unhas e dentes.

Pois bem, se a história mostra que a nossa língua portuguesa já mudou consideravelmente e continua mudando então este assunto já era pra estar mais que encerrado. E a partir de agora quando vierem os conservadores me perguntar “onde vamos parar”, direi simplesmente, ora, vamos parar quando não houver mais mudança a ser feita, e se alguém pretende fazer algo a respeito, aconselho seguir um dos três caminhos, para os inconformados não resta dúvida que terão que nadar contra a corrente, os que estão abertos a mudanças que façam a corrente, os inconformados mais determinados que tentem mudar a corrente, eu pretendo assistir a tudo de cima do quebra-mar.

Romáryo Almeida Cavalcanti

2 comentários:

  1. Gostei do tema... Realmente a uma ação meio que perplexa se não paradoxal para entender estes vicios de linguagem.

    Porem tambem acredito tambem na junção na qual se da o uso de vicios de linguagem e a norma culta, não em um só termo, não os usando em um unico texto;
    Apenas defendo a ideia de continuar os vicios de linguagem para conversas virtuias e ou em rede ou em rascunhos de trabalhos, nada mais. Em quando a linguagem dita formal ou propria da norma culta continue em uso para com trabalhos escolares, curriculos entre outros.

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  2. Foi justamente o que eu quis dizer, pena que não fui claro, na verdade também acho interessante as coisas sejam dessa forma,afinal tudo isso não passa de mais uma variação linguística na minha concepção. E que cada macaco fique no seu galho!

    Romáryo Almeida.

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